O GRAU de MARCA
Tradução José Filardo
Por Craig Gavin
Publicado na Revista Square
vol 25, setembro 1999
O Grau de Marca é uma das ordens mais bem sucedidas ‘além do Craft, ou Simbolismo’.
Na Inglaterra e País de Gales, ela é considerada um grau completamente separado, devido ao confuso compromisso que criou a Grande Loja Unida da Inglaterra em 1813, e que, na verdade, alienou todos os graus fora do Craft, com exceção do Arco Real. No resto do mundo, ele retém a ligação tradicional com os Antigos, na medida em que faz parte de uma estrutura dentro da Maçonaria em geral. Este é certamente o caso na Escócia (onde é administrada por Grande Capítulo), Irlanda; e nos EUA (onde é administrado dentro do grupo do Arco Real) ele é parte integrante do rito de York.
Foi Dunckerley?
Há evidências documentais de que maçons ‘fizeram sua marca’ na Escócia, já em 1599; mas não há nenhuma evidência de um ritual ligado a ele. Parece mais provável que alguns maçons somente receberam uma marca na iniciação.
Na Inglaterra, a mais antiga menção é quase certamente aquela no Capítulo do Real Arco da Amizade, em Portsmouth, em 1769, quando Thomas Dunckerley iniciou alguns irmãos como Maçons da Marca e Mestres da Marca, cada um deles recebendo ou escolhendo uma marca. Em 1777, John Knight (dos Modernos, mas trabalhando em uma estrutura Antiga) a estava documentando em um rito em que se lia: Aprendiz, Companheiro, Homem da Marca ou Contramestre de Companheiros, Mestre Pedreiro, Mestre de Marca, etc. A partir de então, logo houve registros do funcionamento do grau em lojas e capítulos em Inglaterra, Escócia e Irlanda.
De onde Dunckerley obteve seu ritual? Não sabemos. Vários historiadores maçônicos, incluindo Yasha Beresiner sugeriram a possibilidade de que ele realmente foi inventado por Dunckerley; uma teoria que certamente se encaixa em todos os fatos conhecidos.
Enquanto a Grande Loja primaz (1717) insistia, durante mais ou menos 70 anos, que a “pura” Maçonaria consistia de apenas três graus (e que não incluía o Arco Real – veja ‘Uma História Maçônica Pragmática’ na edição de dezembro 1998) , os Antigos o incorporam em sua estrutura de graus. Na verdade, ele estava tão integrado que atas de muitas lojas Antigas mostravam que ele era conferido entre os graus de Companheiro e Mestre Maçom, conforme acima.
Apesar dos protestos da Grande Loja primaz (Modernos), muitas de suas lojas trabalhavam nos graus Antigos – especialmente a Marca. Tanto é assim que para evitar essa prática, a Grande Loja primaz criou o Grande Capítulo, de modo que as lojas pudessem realizar novos graus sem os trabalhar em loja dos graus simbólicos.
Após a união das duas Grandes Lojas em 1813, a posição da Marca ficou difícil, porque a nova GLUI tentou ignorar todos os outros graus, com exceção do Arco Real. No entanto, agora, a Marca era uma parte integrante da Maçonaria na Escócia, Irlanda e EUA. Ele ainda estava sendo trabalhado em algumas lojas Inglesas, mas com dificuldade crescente.
Uma Carta Constitutiva Ilegal
Em 1851, seis companheiros do Capítulo do Arco Real Bon Accord de Aberdeen, que residiam em Londres obtiveram de seu capítulo uma carta constitutiva autorizando-os a se reunir em Londres como Loja de Marca. Naturalmente, o Bon Accord Aberdeen não tinha poder para emitir tal documento. Ele foi repreendido pelo Grande Capítulo da Escócia e suspenso em 1855; mas se ofendeu por ter sido severamente criticado, e nunca se preocupou em se reunir novamente.
Mas, a esta altura, a Loja de Marca Bon Accord de Londres tinha promovido vários irmãos ingleses notáveis, incluindo Lord Leigh, Grão-Mestre Provincial para Warwickshire (1852-1905), que foi instalado como Mestre da Loja em 1855. E como eles não estavam mais sob a jurisdição escocesa, permaneceram trabalhando.
Em março de 1856 foi feita uma tentativa para trazer o grau de Marca sob a asa da GLUI como uma “adição graciosa ao grau de Companheiro”. Uma resolução foi colocada: ‘Que o Grau de Maçom da Marca não está em desacordo com o Simbolismo (Craft), e que ele deve ser adicionado ao mesmo, sob regulamentação adequada’. Isto foi geralmente aprovado. Certamente não havia argumentos contra. No entanto, na Comunicação Trimestral seguinte, em junho, a moção foi rejeitada.
Aparentemente, os rapazes da Bon Accord e em outras lojas estavam prontos para essa eventualidade, porque em 23 de Junho de 1856, uma Grande Loja de Mestres Maçons de Marca foi criada com Lord Leigh como o primeiro Grão-Mestre.
Uma das primeiras ações da nova Grande Loja foi a emissão de um Mandado de Confirmação para a Loja Bon Accord de Londres sem número e “TI” ou status de tempos imemoriais -que ela mantém até hoje.
A Marca Hoje
O grau de Marca ocorre em e ao redor do Templo do Rei Salomão durante a sua construção; ele é a única ordem maçônica, com exceção dos Operativos – a lidar com o trabalho real de pedreiro. Durante o grau, o candidato tem a sua marca (que ele pode escolher sozinho, ou selecionar entre várias que lhe são apresentadas) aprovada, e isso acabará por ser eventualmente gravado na Grande Loja e escrito em seu Certificado de Grande Loja. Ele também receberá um sinal de Marca. Um candidato precisa somente ser Mestre Maçom.
Nos EUA, no Rito de York, o grau de Marca acontece dentro de um capítulo do Real Arco; ele é o primeiro de quatro graus, culminando com o Santo Arco Real. Na Escócia, o grau pode ser trabalhado em lojas simbólicas, ou ele pode ser tomado em uma Loja de Marca dentro de um capítulo do Arco Real -ninguém pode chegar ao Arco Real sem ter passado pela Marca. Isto está de acordo com o funcionamento dos Antigos; um procedimento destruído na Inglaterra com a União de 1813. Na Irlanda, a Marca deve ser tomada em um capítulo do Arco Real, e é um pré-requisito para a exaltação.
A Marca também abrange o grau de Arco Real Marinho – que abordaremos em outra ocasião.