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Rito Moderno
Rito Moderno

Histórico do Rito Francês ou Moderno

 

José Maria Bonachi Batalla

Antes de entrarmos na história do Rito Moderno, convém fazer menção ao nome. Preliminarmente consta que o Rito se chamou Moderno em função dos ideais ou preceitos que norteavam os seus membros, adversários que eram com relação à inserção nas sessões, ou no rito, de menções religiosas. Os outros eram os Antigos que foram aqueles nossos irmãos que pretenderam continuar com os usos e costumes tradicionais, ou seja, a continuidade de evocar os sentimentos religiosos dentro da maçonaria.

Se olharmos convenientemente este fator, devemos concordar que a Maçonaria de então, nasceu sob o manto da religiosidade e daí esta se firmar dentro dos vários ritos praticados na época. O Rito Moderno, como assim começou a ser conhecido, foi inaugurado e praticado na França abolindo qualquer citação à religião. E isto repercutiu, e muito, dentro do seio da maçonaria imperante na época, que era visceralmente religiosa. Haja vista a disposição do templo, na época e ainda hoje, quanto à semelhança da distribuição interna de uma catedral ou  igreja e um templo. Há, entretanto, outros que consideram o templo maçônico uma imitação do Parlamento inglês. Seja de uma ou outra forma, nós o consideramos apenas um detalhe que em nada vai alterar o procedimento das sessões maçônicas.

Só, posteriormente, é que os franceses houveram por bem adotar o nome de RITO FRANCÊS OU MODERNO nome pelo qual foi conhecido e reconhecido tanto na Europa como no resto do mundo, especialmente na América do Sul e dentro dela, no Brasil.

A historiografia, que é a arte de escrever a história, é um tema portador de muitas datas e nomes e nem sempre há concordância entre os autores ou historiadores.

Assim também ocorre com o Rito Moderno. Há divergências de datas, especialmente da época de sua instituição como Rito ou de sua fundação. Não queremos discordar nem discutir estes fatos, pois, não encontramos em toda a bibliografia um autor sequer que nos conduzisse, com provas, ao dado mais aceitável.

Assim, procuraremos, neste breve relato, transmitir nossa opinião baseada em dados a fim de relatar, com a maior imparcialidade possível, o nosso propósito no dia de hoje.

O Rito Francês ou Moderno foi criado na França em 1761, constituído a 24 de dezembro de 1772 e proclamado pelo Grande Oriente da França a 9 de março de 1773 com os três graus simbólicos. Por sua vez, o Grande Oriente da França nasceu a 22 de outubro de 1772, sendo seu primeiro Grão-Mestre FELIPE D’ORLEANS-Duque de Chartres.

Não foi um período fácil para o Grão-Mestre. Este pretendia coibir a proliferação de Altos Graus e para tanto nomeou uma comissão que, após alguns anos de estudo, acabou renunciando propondo, entretanto, ao Grande Oriente da França a extinção de todos os graus filosóficos. O Grão-Mestre aceitou a proposta motivando grande descontentamento dos irmãos porque, naquele tempo, dava-se suma importância aos graus superiores. Só em 1782 reiniciou-se a revisão dos Rituais tanto simbólicos como dos Altos Graus .

O Rito Francês ou Moderno é composto de Rituais e Regulamentos elaborados nos anos 1780 e adotados oficialmente em 1785 para os três graus simbólicos (também conhecidos como graus azuis) e, entre 1784 e 1786, para os altos graus (também chamados de graus filosóficos). Os rituais citados são a base para a prática, hoje, do Rito Francês ou Moderno na Grande Loja Nacional Francesa nos três graus simbólicos e sob os auspícios do Grande Capítulo Francês os graus filosóficos.

A Grande Loja Nacional Francesa sustenta que o nosso Rito começou a se praticar em 1780. Informa, também, a prática do Rito desde, pelo menos, 1.760. Esta afirmação, continua a GLNF,  é confusa e não se baseia em qualquer dado histórico. Porém pode-se aceitar que naquele tempo havia uma prática maçônica francesa que continha procedimentos relativamente  homogêneos e que o Rito Francês de 1780 é profundamente baseado nessa prática anterior.

As datas acima referidas nem sempre coincidem entre autores. Assim, o Grande Colégio de Ritos, do Grande Oriente da França, informa a criação do Rito Francês ou Moderno em 1786 (Ligou, Bereaniak e Berlewi-p. 519).

Em 1785 aparece o primeiro ritual, visto que antes deste ano não se conhecem rituais oficiais na França, denominado “Le Régulateur de 1801” que estabelece:

“Se o Regulamento de 1801 não pode ser considerado como a fonte do Rito Francês, é, ao menos, o modelo único relacionado às tradições orais e manuscritas anteriores”.

Causa espécie dizer-se que o primeiro ritual aparece em 1785 e o Regulamento ser de 1801! Nem tanto. É que só foi impresso em 1801.

No início do século XIX proliferaram os ritos, a introdução da religião dentro deles e, portanto, a confusão reinante entre a maçonaria e a religião. Chegou-se a dizer que a religião mandava dentro da maçonaria. Não creio que tal fato possa ser verdadeiro mas, na falta de provas, vale apenas como conhecimento.

Dentro desta situação é que surge a idéia central de que a Maçonaria tem que se desvincular da religião.  E isto ocorre, como acima informado, em 1876.

Superada essa questão, embora não aceita por todos, o Rito Francês ou Moderno toma a dianteira em virtude de sua propalada condição de ser um Rito Maçônico que se coloca eqüidistante de todas as religiões e, assim, considera que esta questão é de foro íntimo de cada irmão, mas não o é do Rito Moderno que exclui de suas sessões qualquer menção ou referência à religião, qualquer que seja ela.

O fato de, hoje em dia, estar sobre a mesa do Venerável Mestre  a Bíblia e outros Livros religiosos, todos fechados, é a maior prova do respeito que do Rito Moderno tem para cada uma das religiões adotadas por seus membros. Este detalhe, embora imperceptível à vista de alguns ou muitos irmãos, é de suma importância, pois, o Rito Moderno respeita todas as religiões e por esta razão admite em seu seio membros de qualquer religião porque não interessa a religião do futuro irmão e sim o pensamento filosófico e a sua vontade de servir à sua nação, onde vive, para difundir e aumentar o real significado do objetivo do Rito Moderno, qual seja a de fazer imperar a liberdade colocando o social acima do particular ou individual pela difusão e prática desinteressada da  solidariedade na formação de construtores sociais.

Mas, voltemos ao nosso propósito inicial. Estávamos falando de entre 1770 e 1786. Pois bem, a partir dessa época da vida, o Rito Francês ou Moderno foi se reforçando e, conforme José Castellani, em 1779, ano da morte de Rousseau e Voltaire,  havia, na França, 554 lojas praticando o Rito Moderno ou Francês e o GOF mantinha correspondência com 1.200 lojas estrangeiras. Foi, pois, o auge de nosso Rito na França e na Europa.

De resto, pouco se tem sabido do Rito Moderno, seja na França ou no resto da Europa.

Teve um ressurgimento em Portugal, no século XIX, quando, inclusive, se  praticou o grau 8, pertencente à quinta ordem dos graus filosóficos, denominado Cavaleiro da Águia Branca e Preta.

O Grau 9, também pertencente à quinta ordem dos graus filosóficos, denominado Cavaleiro da Sapiência e do qual não temos registro escritural, foi implantado definitivamente em 1992, pelo Supremo Conselho do Rito Moderno, com sede internacional no Brasil.

Encontramos registros do Rito Moderno ou Francês, no século XX, exatamente em 1998 quando o Rito, através de seus dirigentes, sai do Grande Oriente da França e passa à Grande Loja Nacional Francesa, esta reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

Esta Grande Loja é considerada, desde 1929, como todos sabem, a Grande Loja Mãe da Maçonaria, no mundo, tendo editado certas imposições para reconhecer outras Obediências, sob o título de “Princípios Fundamentais para o Reconhecimento de Grandes Lojas”, incluindo aí qualquer GO. E, quem tem a sua regularização, seja Grande Oriente ou Grande Loja, deve cumprir os 8 princípios de regularidade. Entre estes encontramos que o 2º, o 3º e o 6º fazem referencia ora ao GADU ora ao Livro da Lei Sagrada. Quanto à expressão GADU, foi o Grande Oriente da Bélgica que suprimiu, de seus rituais, a invocação a partir de 1872 e nem por isso a GLUI se manifestou contra. Quanto ao Livro da Lei Sagrada, como assim o intitula a GLUI, ele será “sempre exposta nos trabalhos da Grande Loja e das Lojas de sua Jurisdição”. Em nenhum momento se pede que o Livro da Lei Sagrada seja aberto ou que fique num lugar pré-determinado. Apenas diz que será exposta. É conveniente que se esclareça que o Rito Moderno, pertencente ao Grande Oriente do Brasil, e este, por sua vez, ter o reconhecimento da GLUI, tem de cumprir a obrigação de expor (para usar a palavra dos Princípios Fundamentais) e cumpre. Fica encima da mesa do Venerável. E junto com ele podem estar também outros como a Torah, o Alcorão, etc.etc.

Entre todos os fatos históricos ocorridos nos séculos XVIII e XIX, há um de grande importância para a Maçonaria e, em especial, para o Rito Moderno. Trata-se da Reforma Institucional de 1877, que assim é narrada pelo nosso saudoso irmão José Castellani:

Em 1872, depois de estudos iniciados em 1867, o Grande Oriente da Bélgica suprimia, de seus rituais, a invocação do GADU, sem provocar qualquer reação por parte da GLda Inglaterra. Diante disso, de um golpe, a campanha pela revisão, na França, aumenta de intensidade. A cada ano, a Convenção é tomada por votos pela revisão, repelidos pelo Conselho da Ordem, até que, em 1876, um voto da loja “La Fraternité Progressive”, de Villefranche, solicitando a supressão das cláusulas dogmáticas, foi tomada à consideração, sendo regulamentarmente enviada às Lojas, para estudo e retornando à Convenção em 1877. Nessa ocasião, duzentas e dez lojas enviaram representantes e dois terços delas se manifestaram a favor da adoção do voto. O relator geral foi um pastor protestante, Desmons, que apresentou um estudo memorável, o qual, aprovado, resultou na supressão do segundo parágrafo do artigo 1º da Constituição de 1865, que dizia: “Ela tem por princípio a existência de Deus e a imortalidade da alma”.

Viénot, o Orador da Convenção, situou, muito bem, o que representou essa atitude:

“Essa redação, meus Irmãos, não é, portanto, nem uma reforma, nem uma revolução; ela é um chamamento e um retorno aos princípios primordiais da Francomaçonaria, porque a Francomaçonaria,  respeitando todos os dogmas e todas as consciências, não é, não quer ser e não pode ser uma instituição dogmática ou teológica”.

Essa resolução aboliu a invocação, mas não a fórmula do GADU, como freqüentemente se afirma. Era a tolerância, elevada ao máximo, que motivava o Grande Oriente a rejeitar qualquer afirmação dogmática, na concretização do respeito à liberdade de consciência e ao livre arbítrio de todos os maçons. A síntese dos debates da Assembléia, que conduziram à resolução, mostra bem essa preocupação.

A Francomaçonaria não é deista, nem ateísta, nem sequer positivista. Instituição que afirma a prática à solidariedade humana, é estranha a todo dogma e a todo credo religioso. Tem por princípio único o respeito absoluto da liberdade de consciência. Nenhum homem inteligente e honesto poderá dizer, seriamente, que o Grande Oriente da França quis  banir de suas Lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma, quando, ao contrário, em nome da liberdade absoluta de consciência, declara, solenemente, respeitar as convicções, as doutrinas e as crenças de seus membros”.

Tudo isto leva à conclusão de que toda a questão é eminentemente política, dadas as rivalidades não só entre as duas Potências (a GLUI e o GO da F) mas entre os dois países rivais na paz e confrontados no curso de longas e sangrentas guerras. Havia também motivos filosóficos e morais divergentes devido à escalada das aspirações democráticas na França e no GOF que inquietavam o conservadorismo inglês; filosóficos porque a tendência racionalista, que prevalecia no GOF opunha-se ao dogmatismo da GLUI.

É notório assinalar que, de outro lado, o Grande Oriente da França, cria já em 1921 uma organização internacional de nome “Association Maçonnique Internationale” –AMI- oriunda do Bureau d’Infomation Maçonnique criado em 1921, na Suíça, quando congrega 12 Obediências : GL de Nova York; GO da Bélgica; GL de Viena; GL da Bulgária; GL da Espanha; GO da França; GO da Itália; GO dos Países Baixos; GO de Portugal;GL da Suíça-Alpina e GO da Turquia. Com todas estas relações, ora políticas, ora filosóficas, o GOF conseguiu grande alcance social chegando a 38 Obediências em 1923.

Por ocasião de sua fundação emitiu a seguinte declaração, afirmando em seu trecho principal:

A Franco-Maçonaria, instituição tradicional, filantrópica e progressista (só mais tarde, no Brasil, se acrescentou evolucionista) baseada na aceitação do princípio de que todos os homens são Irmãos, tem por objetivo a procura da verdade, o estudo e a prática da Moral e da Solidariedade. Ela trabalha pela melhoria material e moral, assim como pelo aperfeiçoamento intelectual e social da humanidade. Ela tem por princípio a tolerância mútua, o respeito ao próximo e a si mesmo e a Liberdade de Consciência. Ela tem por dever estender a todos os membros da humanidade os laços fraternais que unem os Franco-Maçons sobre toda a face da Terra.

Desejamos assinalar o que escreve o saudoso ir.’. José Castellani no “Manual do Rito Moderno”:

O rito, embora criado sob moldes racionais, seguia a orientação dos demais, em matéria doutrinária e filosófica, baseada, entretanto, na primitiva Constituição de Anderson, com tinturas deístas, mas largamente tolerante, no que concerne à religião, como se pode ver na primeira de suas Antigas Leis Fundamentais (Old Charges): “O maçom está obrigado, por vocação, a praticar a moral; e, se bem compreender os seus deveres, jamais se converterá num estúpido ateu nem em irreligioso libertino. Apesar de, nos tempos antigos, os maçons estarem obrigados a praticar a religião que se observava nos países que habitavam, hoje crê-se mais conveniente não lhes impor outra religião senão aquela que todos os homens aceitam e dar-lhes completa liberdade  com referência às suas opiniões particulares. Essa religião consiste em serem homens bons e leais, ou seja, honrados e justos, seja qual for a diferença de nome ou de convicções“.

Deixemos, assim, o aspecto francês do Rito Moderno e passemos a nos debruçar o que aconteceu no Brasil.

Bastantes homens de cultura e poder econômico enviaram seus filhos a estudar na Europa. Aqueles que estiveram na França ou Portugal e se interessaram pela Maçonaria naqueles países, foram iniciados. E qual o Rito que estava em evidência? O Rito Moderno, ou Francês. Estes líderes, ao voltar ao Brasil traziam consigo aqueles princípios de liberdade, de república, de adogmatismo, além de outros conhecimentos adquiridos nas faculdades que cursaram em ambos os países.

Houve, no Brasil, certas lojas que trabalharam no Rito Adorinhamita, antes de 1922, mas eram lojas isoladas e que, pelos seus princípios, não tinham como objetivo transformar o Brasil num país independente. Daí que os irmãos brasileiros que freqüentaram o RM na Europa encontram, na situação brasileira, uma enorme possibilidade de, aqui, colocar em prática o que haviam aprendido lá.

Segundo Adelino de Figueiredo Lima em “Nos Bastidores do Mistério”, ed. de 1953, nenhum outro Rito, senão o Rito Moderno esteve presente nas lutas pela independência do Brasil. Em conferência proferida no Primeiro Simpósio Brasileiro de Maçonaria Simbólica, patrocinado pela Loja José Bonifácio do Rio de Janeiro em 1961, ressalta que:

“Foi o Rito Moderno quem proclamou a igualdade das raças e destruiu pela base as discriminações religiosas”.

Renato de Alencar, em “Enciclopédia Histórica do Mundo Maçônico” página 213, afirma:

“Diga-se o que quiser, o Rito Moderno ou Francês, dado o espírito filosófico e de reforma progressiva que inspira sua doutrina, é o mais racional e adequado à nossa época”

Voltando à época do início dos trabalhos maçônicos no Brasil, e enfocando o Rito Moderno, podemos afirmar que desde 1815 já existia, no Brasil, uma loja maçônica do Rito Moderno. Era a Loja Comércio e Artes, primaz do Brasil, fundada em 15 de novembro de 1815 sob os auspícios do GOde Portugal da qual extraímos o seguinte texto:

GR.’.BEN.’.GR.’.BEN.’.AUG.’.RESP.’.LOJ.’.SIMB.’. COMÉRCIO E ARTES Nº. 001-PRIMAZ DO BRASIL, fundada em 15-11-1815-MARCO HISTÓRICO DA MAÇONARIA BRASILEIRA,

Fundada em 15 de novembro de 1815, sob os auspícios do GR.’.OR.’.de Portugal a Loj.’. COMÉRCIO E ARTES teve seus trabalhos interrompidos em virtude das perseguições desencadeadas por motivo das revoluções de 1817 em Portugal e Pernambuco tida como obra dos pedreiros livres que nessa ocasião, em um como outro reino, pagaram forte tributo de sangue. Reavivamos os seus trabalhos em 4 de novembro de 1921 tornou-se o centro do esforço patriótico em favor da emancipação política de nossa Pátria. CÉLULA MATER DA MAÇONARIA BRASILEIRA, de seu corpo se formaram por “sissiparidade” –desdobramento- as duas outras LLOJ.’. METROPOLITANAS – UNIÃO E TRANQÜILIDADE E ESPERANÇA DE NICTHEROY, em 21 de junho de 1822, para a continuação do GR.’.OR.’. do Brasil.

Há quem afirme que essa mesma loja iniciou seus trabalhos com o Rito Adorinhamita. Vejamos o que escreve nosso ir.’. José Francisco Simas:

Em 17 de junho de 1.822 a Loja Comércio e Artes da Idade do Ouro, União e Tranqüilidade e Esperança de Niterói formaram, o Grande Oriente Brasileiro, que adotou inicialmente o Rito Adorinhamita e, logo em seguida, passou para o Rito Moderno ou Francês e de pronto reconhecido pelo Grande Oriente da França e pelas Grandes Lojas da Inglaterra e dos Estados Unidos da América.  Seu primeiro Grão Mestre foi José Bonifácio (o Pitágoras). Em 2 de agosto de 1.822 D. Pedro de Alcântara, Príncipe Regente, foi iniciado na Loja Comércio e Artes, adotando o nome de Guatimozim. Em 5 de agosto foi exaltado e em 4 de outubro foi eleito Grão Mestre da Maçonaria brasileira com 23 anos de idade. Segue-se um período político e maçônico confuso, ficando adormecido o Grande Oriente Brasileiro até 1.831.

Em 7 de abril  de 1.831, D. Pedro I abdica do trono brasileiro em favor de D. Pedro, agora II, e embarca para Portugal. A Maçonaria reinicia suas atividades. Em 1.832, o Grande Oriente Brasileiro passou a ser denominado Grande Oriente Brasileiro do Passeio, por ter se instalado na Rua do Passeio, número 36. Em 1840, o Grande Oriente adquiriu, pela Cia. Glória do Lavradio, o prédio projetado para abrigar um teatro e cuja construção havia sido suspensa desde 1.832. Nesse prédio, na Rua do Lavradio, número 97, o Grande Oriente do Brasil, funcionou, até a mudança para Brasília. Hoje existe lá o Palácio Maçônico do Rio de Janeiro, onde funcionam 52 lojas e o Museu Maçônico.

O Rito Moderno ou Francês era o Rito Oficial do Grande Oriente do Brasil e continua sendo até a presente data.

No início da Maçonaria no Brasil, pelo Rito Moderno, foi utilizado um Ritual, português, impresso em Lisboa em cuja capa dizia: “Regulador do Rito Moderno-Grande Oriente Luzitano”. O segundo ritual, do Rito Moderno, impresso no Brasil, conforme Joaquim da Silva Pires, foi em 1837 na “Typographia Austral, Beco do Bragança, nº. 15-Rio de Janeiro” e trazia as seguintes inscrições:

”Regulador Maçônico do Rito Moderno para uso nas Officinas deste Rito-GOdo Brasil-Primeiro Grao-Aprendiz-Anno da VL 5837”.

Todavia, o primeiro ritual do Rito Moderno, genuinamente brasileiro, impresso, portanto, no Brasil, foi em 1833, na tipographia de “Seignot-Planchet”, rua do Ouvidor 96, Rio de Janeiro, segundo Joaquim da Silva Pires no Boletim Oficial do GOSP nº. 2335 de 06 de setembro de 1999, página 23.  Este ritual teria sido organizado pelo Padre da Capela Imperial, IrJanuário da Cunha Barbosa, com base numa tradução do IrHipólito José da Costa Furtado de um ritual francês.

Sabe-se que a primeira loja maçônica do RM no ESP foi a Loja Inteligência de Porto Feliz, do Rito Moderno, no ano de 1930, seguida pela Loja Amizade-A Pioneira, na Capital de São Paulo em 1932.

A título de curiosidade, o IrAdelino de Figueiredo Lima nos conta que na Loja Amizade, em 1832, havia “nada menos de trinta e um sacerdotes”.

Temos, portanto, que de 1822 a 1832, o rito dominante na Maçonaria Brasileira era o Moderno ou Francês, inicialmente praticado pelas três lojas existentes na época, consideradas as três pedras angulares em que se assentam os alicerces do Grande Oriente do Brasil.

Foi nelas, diz Adelino de Figueiredo Lima que “José Bonifácio, o Príncipe D. Pedro e Joaquim Gonçalves Ledo, deram início à gloriosa Epopéia da Independência Nacional”.

O Rito Moderno, como componente da Maçonaria Brasileira, participou dos seguintes movimentos:

-A Inconfidência Mineira – 1789, pela ação isolada de maçons.

-A Revolução Pernambucana de 1817. Idem acima.

-A Independência de 1822.

-A Confederação do Equador em 1824.

-O Movimento pela Maioridade do Imperador D.Pedro II.

-A Revolução Farroupilha -1835/1845.

-A Revolução Liberal de 1842.

-A Abolição da Escravatura em 1888.

– A República de 1889.

Sem ter a pretensão de ter esgotado a história do Rito Moderno no Brasil, gostaria de me referir aos tempos atuais.

Hoje, o Rito Moderno conta com 100 (cem) lojas espalhadas pelos Estados de RS, SC, PR, SP, MG, RJ, ES, BA, MS, MT, BRASÍLIA, RO, PE, MA, PA, PB.  E deveremos inaugurar algumas mais, dentro de pouco tempo.

O Supremo Conselho do Rito Moderno, reconhecido legalmente pelo Grande Oriente do Brasil através de Tratado de Reconhecimento, que trabalha no Grau 9-Cavaleiro da Sapiência, tem o âmbito de atuação Nacional e Internacional. Nos Estados há os Grandes Conselhos Estaduais, que funcionam com o grau 8-Cavaleiro da Águia Branca e Preta e dentro de cada um deles há os Sublimes Capítulos Regionais que trabalham nos graus 4 ao 7-Eleito, Escocês, Cavaleiro do Oriente e da Espada e Cavaleiro Rosa-Cruz.

O nosso ir.’. Antonio Onías Neto, assim se manifesta a respeito do mesmo assunto acima:

Na França, somente a partir de 07 de agosto de 1989 foram instituídos os Graus Filosóficos pelo Supremo Conselho do Rito Moderno  obtendo a Carta Patente e lhes dando poderes para a outorga dos Graus Filosóficos e reconhecidos pela Grand Loge Nationale Française a 09 de fevereiro de 1999. Dois anos depois, em 15 de fevereiro de 2001, iniciaram-se as tratativas para a criação dos respectivos Grandes Conselhos Estaduais e o Supremo Conselho do Rito Moderno para a França culminando a 08 de setembro de 2001 com Sessão presidida pelo Embaixador Plenipotenciário do Supremo Conselho do Rito Moderno, ir.’.Lúcio Ferreira Ramos, concedendo os graus 8 e 9 para Irmãos Franceses.

Queremos, neste momento, ao encerrar nossa participação neste seminário do RM em Sorocaba, prestigiar outro ir.’. do RM que muito se tem dedicado à sua expansão e ao seu desenvolvimento. Trata-se do ir.’. Laudimir Manoel Cardoso, que assim se expressou num trabalho que apresentou à loja Ordem e Progresso, da qual é membro efetivo:

É, portanto o momento do FORTALECIMENTO e da EXPANSÃO do Rito moderno; fazer com que os outros Ritos entendam a história, a filosofia, a prática, e por que não dizer a singeleza participativa dos maçons deste pedaço tão importante da Maçonaria. Fortalecer o Rito significa sermos cada vez mais participativos e ativos em todas as castas sociais dentro e fora da Oficina de trabalho levando à sociedade os valores que temos naturalmente e que aperfeiçoamos dentro do Rito Moderno. Atravessamos caminhando para o terceiro milênio com a convicção de que temos hoje, tivemos ao longo de todo um período histórico, e teremos no futuro – missões que auxiliem a sociedade como um todo, e que faça especificamente do Brasil, este país com dimensões continentais, um lugar melhor para se viver, pois a participação dos maçons, qualquer que seja o Rito, é fundamental para o desenvolvimento das nações, mas, neste caso especial no Brasil. Os potenciais de mudanças são imensos por sermos tão jovens e tão promissores dentro do contexto mundial. Façamos a nossa parte e caminhemos para o terceiro milênio com garra, ampliando cada vez mais os nossos quadros e sempre convivendo com os outros Ritos no melhor entendimento de nossos preceitos e conceitos constitucionais, morais e filosóficos.

É de nossa máxima obrigação estudar o Rito, a filosofia e a sua aplicação  na sociedade. Nunca nos esqueçamos que o objetivo do Rito Moderno é nos tornarmos, dentro das possibilidades de cada um, construtores socais com a tríplice bandeira de LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE.

BIBLIOGRAFIA:

– O RITO FRANCÊS OU MODERNO-A Maç. do Terceiro Milênio-SCRM-1994

-Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom – José Castellani

-A maçonaria Moderna – José Castellani – Ed. A Gazeta Maçônica – 1987

-História do Grande Oriente do Brasil–José Castellani-Graf. e Edit. do GOB-1997

-O Rito Moderno-A Verdade Revelada- Fered. G. Costa-Ed. Mac. A Trolha-1990

-Dicionário de Maçonaria-Joaquim G. de Figueiredo-Ed. Pensamento-1990

-História do Rito Moderno-Henrique C.Camargo-Palestra no GOERJ-1984

-A Simbólica Maçônica-Jules Boucher-Ed.Pensamento-1993

-La Synbolique Maçonnique du troisièm millénaire-IrèneMainguy-Ed.Dervy-2001

-A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática-Jean Palou-Ed.Pensamento-1997

-L’Histoire du GOF-Henry-Félix Marcy-Paris-1956

-Maçonaria-História e Filosofia-Ambrosio Peters-Ac.Paranaense Letras Maç.-1999

-História e Doutr. da Franco-Maç.-Marius Lepage-Ed.Pensamento-1997

-Dictionaire Thématique Ilustré de la Franc-Maç.Jean Lhomme-Ed.EDL-1993

-A Maçonaria Moderna-José Castellani-Ed. A Gazeta Maçônica-1987

-Manual do Rito Moderno-Feed.G.Costa e Jos[é Castellani-Ed.Gaz.Maç.-1991

-Momento Historio do RM do Brasil-Lúcio Ramos-Ed.Saraiva-2002

-Textos cedidos pelo ir.’. Antônio Onías Neto

-Textos cedidos pelo ir.’. Laudimir Manoel Cardoso

-Textos cedidos pelo ir.’. José Francisco Simas

“Ela (a Maçonaria) vê a liberdade de consciência como um direito próprio de cada homem e não exclui a ninguém por suas crenças”.